Montfort escreveu:É cada coisa que se aprende por aqui... toda dia uma novidade!
Hoje, aprendi que são os conservadores que fomentam a marginalização de uma parte da sociedade. E como isso acontece? Aparentemente, pelo fato dos conservadores serem favoráveis ao nascimento de qualquer ser humano; ou, em outras palavras malabarísticas "forçando"
pessoas desestruturadas a manter um gravidez indesejada...
Ilações:
no Brasil nascer pobre significa que você está mais propenso a criminalidade do que a honestidade; sua força de vontade, livre-arbítrio e empreendimentos pouco valem; a natureza já lhe imputou o fracasso. Qualquer outra coisa é exceção;
no Brasil pedir a pena de morte para o bandido é incoerente, pois o Estado (conservador) "forçou" o nascimento do meliante. É o velho mote: melhor prevenir do que remediar;
no Brasil métodos anticoncepcionais são inacessíveis aos pobres;
no Brasil não há opção de adoção; se engravidou vai ser obrigada a criar, não importando suas condições psicológicas ou financeiras;
no Brasil se você é contrário ao aborto torna-se automaticamente seguidor de uma religião. Militar contra o aborto significa "forçar" os outros a seguir regras de crenças.
Enquanto os argumentos favoráveis à descriminalização do aborto estiverem nesse nível (e cá entre nós, nunca houve nada além de justificações rasteiras e muito dinheiro de corporações), essa barbárie nunca será legalizada.
Primeiro: em momento nenhum eu disse que por nascer pobre já há uma inclinação à criminalidade. Se fosse assim, não haveriam pobres honestos (que são a maioria), e não haveriam ricos criminosos. O que eu disse é que, na maior parte, os crimes violentos contra a propriedade, são cometidos, em maioria, pelos mais pobres. E isso é bastante óbvio.
Segundo: não adianta simplesmente proibir o aborto e criminalizá-lo. O aborto vai continuar existindo, matando, e custando aos cofres-públicos. Exatamente o que acontece com a criminalização do consumo de drogas.
Terceiro: em momento nenhum eu disse que o método anti-concepcional não é a primeira e a melhor opção. Só que essa não é uma opção 100% segura, e VOCÊ SABE DISSO! Não se faça de desentendido. Eu falei várias vezes que o aborto seria a última e a pior escolha com toda a certeza.
Quarto: alguns posts atrás eu citei que sim, a opção da adoção existe, e seria muito bem-vinda, apesar de também entender como sendo uma opção dura de aceitar. Ou você acha que após carregar o bacuri por 9 meses na barriga não há uma ligação emocional da mãe com ele? Acha que seria fácil entregar pra adoção no fim da gestação?
Quinto: também não citei a religião como sendo uma premissa básica para ser contra o aborto. Só não acho que a decisão sobre poder/querer abortar só cabe à mãe e ao pai.
Montfort escreveu:Primeiro, quem criminalizou o aborto (e não quem criminaliza) foi nossa lei, querendo ou não, editada pela égide democrática tanto reivindicada e aplaudida. Sabia disso não? Pois é... e faz tempo. E quem quer mudar é uma minoria raivosa e barulhenta... o que não é nada democrático.
Segundo, o que eu nego veementemente é o exercício da futurologia que sempre emerge com ares de ciência por essas bandas. E nego também que pobreza sirva de muleta. Não há pobreza que justifique um estupro, por exemplo. Mas pode ser, normalmente, que os estupradores sejam pobres, (se é que podemos avocar alguma "normalidade" em um estupro).
Terceiro, não acho que falta de vontade leve à criminalidade. Falta de vontade leva à inércia e ao conformismo. Falta de honestidade é defeito de caráter e não carestia de bens materiais. Nunca conheci um bandido honesto. E nunca conheci um voluntarioso com trabalho e estudos que permaneceu estagnado.
Eu sei que para vocês, marxistas leite com pera, é impossível elencar outros elementos, exceto o econômico, na formação do indivíduo e, consequentemente, da sociedade, mas a solteira economia é incapaz de explicar várias nuances da natureza humana. Essa teoria materialista da história já foi para o vinagre. Como disse Chesterton "ela consiste, simplesmente, em confundir as necessárias condições de vida com as normais preocupações da vida, que são coisas muito diferentes". Tire essa bobagem da cabeça.
Não é exercício de futurologia quando a maioria dos assaltos à mão-armada ocorrem pelas mãos da população mais pobre. Não distorça. Quando se fala que há uma maior probabilidade, não é uma regra, é uma tendência que pode não ser seguida.
É bastante possível elencar vários outros motivos que levam à criminalidade. Todos eles convergem para um único ponto. A educação, em casa, e na escola. Educação de qualidade.
Acho que famílias desestruturadas de tudo não conseguem educar direito seus filhos. E não são apenas famílias pobres as desestruturadas. Pais ricos e ausentes tem de monte.