Cutelaria
- Jase Robertson
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Re: Cutelaria
Belo tópico,
sou apaixonado por facas,
tenho algumas, já fiz algumas, também as bainhas.
sou apaixonado por facas,
tenho algumas, já fiz algumas, também as bainhas.
Re: Cutelaria
Posta fotos pra gente amigo!!Jase Robertson escreveu:Belo tópico,
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tenho algumas, já fiz algumas, também as bainhas.
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John Wayne
"Onde a força de vontade é grande, as dificuldades não podem sê-lo."
Nicolau Maquiavel
"Nós somos o que fazemos repetidamente."
Aristóteles
- Vinicius SC
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Re: Cutelaria
Belo tópico Hall!
http://www.scicast.com.br/46-cutelaria/
Este podcast fala sobre o tema. Inclusive explicando como funciona o processo de forja de espadas medievais, katanas, etc.
Ouçam, é muito interessante, principalmente para quem curte o assunto.
http://www.scicast.com.br/46-cutelaria/
Este podcast fala sobre o tema. Inclusive explicando como funciona o processo de forja de espadas medievais, katanas, etc.
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- Vinicius SC
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Re: Cutelaria
Kukri
A faca Kukri é a arma tradicional dos regimentos Gurkhas, soldados de elite do Nepal conhecidos pela ferocidade e eficiência em campo de batalha, atualmente estão serviço do exército britânico e de vários ao redor do mudo. A faca simboliza a coragem e valentia do guerreiro no campo de batalha. É parte de rituais tradicionais entre os diferentes grupos étnicos do Nepal. A Kukri é uma faca feita para cortar, mas especificamente, o seu formato curvo é ideal para decapitar inimigos. Dizem que um Gurkha bem treinado pode decepar facilmente o braço ou a perna de um inimigo com um único golpe de faca.
Uma curiosidade é que os Gurkhas lutaram pelos Birtânicos na Guerra das Malvinas. E segundo dizem (não sei dizer se é verdade ou não) eles estupravam os oficiais argentinos de alta patente presos em batalha, com o intuito de baixar a moral do exército argentino.
A faca Kukri é a arma tradicional dos regimentos Gurkhas, soldados de elite do Nepal conhecidos pela ferocidade e eficiência em campo de batalha, atualmente estão serviço do exército britânico e de vários ao redor do mudo. A faca simboliza a coragem e valentia do guerreiro no campo de batalha. É parte de rituais tradicionais entre os diferentes grupos étnicos do Nepal. A Kukri é uma faca feita para cortar, mas especificamente, o seu formato curvo é ideal para decapitar inimigos. Dizem que um Gurkha bem treinado pode decepar facilmente o braço ou a perna de um inimigo com um único golpe de faca.
Uma curiosidade é que os Gurkhas lutaram pelos Birtânicos na Guerra das Malvinas. E segundo dizem (não sei dizer se é verdade ou não) eles estupravam os oficiais argentinos de alta patente presos em batalha, com o intuito de baixar a moral do exército argentino.
Re: Cutelaria
Vinicius SC escreveu:Kukri
A faca Kukri é a arma tradicional dos regimentos Gurkhas, soldados de elite do Nepal conhecidos pela ferocidade e eficiência em campo de batalha, atualmente estão serviço do exército britânico e de vários ao redor do mudo. A faca simboliza a coragem e valentia do guerreiro no campo de batalha. É parte de rituais tradicionais entre os diferentes grupos étnicos do Nepal. A Kukri é uma faca feita para cortar, mas especificamente, o seu formato curvo é ideal para decapitar inimigos. Dizem que um Gurkha bem treinado pode decepar facilmente o braço ou a perna de um inimigo com um único golpe de faca.
Uma curiosidade é que os Gurkhas lutaram pelos Birtânicos na Guerra das Malvinas. E segundo dizem (não sei dizer se é verdade ou não) eles estupravam os oficiais argentinos de alta patente presos em batalha, com o intuito de baixar a moral do exército argentino.
Vou desvirtuar o tópico só um pouco, pegando o gancho do Vinicius:
Fonte: Leandro Paiva: https://www.facebook.com/leandropaivaRJ ... n=timeline
Arte Marcial e Militarismo: os Ghurkas (Parte 1)
Imagine uma situação surreal: o antigo presidente Venezuelano, em mais um devaneio, resolve invadir o Brasil. Para não chamar atenção, decide que a invasão será pelo Mato Grosso, passando pelo Parque Nacional do Xingu. O que ele previu que seria algo bem tranquilo se torna um verdadeiro “inferno na terra”, pois não contava com a resistência dos bravos guerreiros xinguanos, lutadores de “Huka-Huka”. O exército brasileiro só consegue chegar muitas horas depois da batalha. Mesmo em número bem menor e com limitado recurso bélico, por pouco os índios não vencem o exército da Venezuela. Resultado: eles conseguem anexar “diplomaticamente” apenas um pedacinho inóspito de nosso território. Entretanto, esse não foi seu maior trunfo. O pulo-do-gato foi conseguir convencer os melhores guerreiros do Alto Xingu a ingressar em suas fileiras e lutar pelo mundo todo representando o falecido general Hugo Chávez.
Muita “viagem” o texto? Talvez. Não obstante, foi algo muito parecido com isso que ocorreu entre os Ingleses expansionistas e diversas tribos/etnias denominadas por apenas um termo: “Ghurka”.
Os Ghurkas ou Ghorkas são nativos de uma das regiões mais inóspitas do mundo (Nepal e Himalaia) e sempre estiveram envoltos em guerras. Habitam região considerada sagrada, onde boa parte dos estudiosos considera ter sido o berço e/ou local de passagem de diversas Artes Marciais cultuadas no oriente há mais de mil anos.
Seu principal confronto com o exército britânico ocorreu na Guerra Gorkha (1814-1816). Terminou com a assinatura do Tratado de Sugauli em 1816, que cedeu cerca de um terço do território do Nepal. A Força Britânica era composta por 22.000 homens, com sessenta armas (primeira campanha) e 17.000 (segunda campanha). Já os Ghurkas contavam com menos de 12.000 guerreiros.
Impressionados com a tenacidade, resistência e valentia, logo após a guerra, os ingleses encorajaram-nos a oferecer-se para a Companhia das Índias Orientais, sob domínio da Inglaterra. Já são quase 200 anos a serviço da Coroa Britânica, tendo participado das duas Guerras Mundiais. Até hoje são respeitados e temidos por todo mundo.
Um detalhe pitoresco no auge da Segunda Guerra Mundial. Um oficial britânico recebeu a missão de conseguir voluntários entre os Ghurkas para as tropas aerotransportadas. Logo, na sua apresentação, ele pediu por voluntários para saltar de aviões e todos se apresentaram. O sargento nativo perguntou quantos metros deveriam saltar e o oficial inglês respondeu que seria por volta de 2.000 metros. Todos os voluntários recuaram apavorados. Após pequena reunião com os soldados, o sargento Ghurka avisou ao oficial que eles aceitavam saltar do avião, mas se fosse até 200 metros. Pensativo, o oficial retrucou avisando que essa altura não seria suficiente para abrir o pára-quedas. Nesse instante, o sargento respirou aliviado e afirmou: “aaahhh, então vocês vão nos dar pára-quedas...”.
Legenda da foto: Balbhadra Kunwar, comandante Ghurka na Guerra Anglo-Nepalesa.
(Texto e Pesquisa Histórica: Leandro Paiva)
Contribuição: Capitão Éricson Maciel.
*Podem partilhar a vontade e copiar em blogues e sites, tendo cuidado apenas de citar a referência.
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John Wayne
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Re: Cutelaria
Caraca mega cascudos esses Ghurkas
Re: Cutelaria
OSORobsonSantos
http://osofacasrs.blogspot.com.br/
Faca feita de capa de rolamento!
O Robson (dono do canal) faz facas e ajuda a todos que tem duvidas! Cara 1000%!
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Re: Cutelaria
Rodrigo Menezes Sfreddo
https://www.facebook.com/RodrigoSfreddo
adaga mediterrânea em aço-damasco,bainha com bocal e ponteira também em damasco
Arte forjada em aço projeta gaúcho
Nova Petrópolis. Fogo, maçarico e aço são instrumentos que geram arte nas mãos do ex-estudante de Engenharia Metalúrgica Rodrigo Menezes Sfreddo. Ele deixou a faculdade para se dedicar à cutelaria, em especial à fabricação de facas. O hobby começou aos 13 anos e se tornou profissão. Em média, Sfreddo, que é natural de Santa Maria, faz duas facas por mês, forjadas à mão, que são comercializadas mundialmente, sendo a maioria delas adquirida por colecionadores. Durante o trabalho, o fogo chega a superar mil graus de temperatura.
Recentemente, Sfreddo bateu o próprio recorde em concurso mundial nos Estados Unidos. O júri indicou quatro de suas facas para a final. Segundo ele, nunca houve tantas peças selecionadas de um mesmo autor. Na disputa, as facas precisam cortar madeira e corda de sisal, por exemplo, e manter a afiação. No ateliê instalado em sua casa, em Nova Petrópolis, Sfreddo recebe, no máximo, quatro pessoas por vez, brasileiros e estrangeiros interessados na técnica milenar. As peças são fabricadas, em geral, sob encomenda e custam entre 650 e 3 mil dólares. Referência na arte da cutelaria, seus trabalhos integraram a mostra 'Masters of Fire', no Museu de Artes de Macau, na China. O santamariense também é reconhecido na América do Norte e Europa.
Fonte. Jornal Correio do Povo de Porto Alegre - RS. Edição do dia 30 de junho de 2009. Caderno Cidades.
https://www.facebook.com/RodrigoSfreddo
adaga mediterrânea em aço-damasco,bainha com bocal e ponteira também em damasco
Arte forjada em aço projeta gaúcho
Nova Petrópolis. Fogo, maçarico e aço são instrumentos que geram arte nas mãos do ex-estudante de Engenharia Metalúrgica Rodrigo Menezes Sfreddo. Ele deixou a faculdade para se dedicar à cutelaria, em especial à fabricação de facas. O hobby começou aos 13 anos e se tornou profissão. Em média, Sfreddo, que é natural de Santa Maria, faz duas facas por mês, forjadas à mão, que são comercializadas mundialmente, sendo a maioria delas adquirida por colecionadores. Durante o trabalho, o fogo chega a superar mil graus de temperatura.
Recentemente, Sfreddo bateu o próprio recorde em concurso mundial nos Estados Unidos. O júri indicou quatro de suas facas para a final. Segundo ele, nunca houve tantas peças selecionadas de um mesmo autor. Na disputa, as facas precisam cortar madeira e corda de sisal, por exemplo, e manter a afiação. No ateliê instalado em sua casa, em Nova Petrópolis, Sfreddo recebe, no máximo, quatro pessoas por vez, brasileiros e estrangeiros interessados na técnica milenar. As peças são fabricadas, em geral, sob encomenda e custam entre 650 e 3 mil dólares. Referência na arte da cutelaria, seus trabalhos integraram a mostra 'Masters of Fire', no Museu de Artes de Macau, na China. O santamariense também é reconhecido na América do Norte e Europa.
Fonte. Jornal Correio do Povo de Porto Alegre - RS. Edição do dia 30 de junho de 2009. Caderno Cidades.
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Re: Cutelaria
pqp malaca!! top!
posta as suas facas aí brother!!
posta as suas facas aí brother!!
Re: Cutelaria
Como é feito o Aço Damasco.
Provavelmente a pergunta mais freqüente que ouvi durante minha carreira como cuteleiro profissional é: “Como é feito o aço damasco?”
Entretanto, antes de iniciarmos é premente definirmos o que é chamado aço damasco.
O que é o aço damasco?
O aço damasco ou aço de damasco era feito com freqüência antes do período industrial, pois como não existia aço virgem para a venda à disposição dos ferreiros, estes utilizavam-se de todo aquele que pudessem reciclar (ferraduras, pregos, dobradiças, tramelas, etc) e também o extraído da fonte original do aço, o minério de ferro.
Assim, os ferreiros os fundiam num único bloco de aço, num processo tecnicamente chamado de caldeamento, que é a micro fusão de superfície, onde as camadas se fundem em uma só, submetidas a uma pressão adequada, à temperatura de 1100 graus Celsius.
Desta forma, os ferreiros conseguiam “juntar” o aço escasso que conseguissem, num bloco único, manufaturando-o posteriormente desde a forma de pequenas facas, até mesmo a de imensos canos de canhões.
A técnica da confecção do aço damasco ficou perdida por aproximadamente três séculos, pois com o início do período industrial, não mais era necessário juntar as "migalhas de aço" para fazer uma única peça.
Havia então aço em abundância. Desta forma, todos os ferreiros que conheciam a técnica ancestral foram morrendo, até que não restasse ninguém que soubesse como é que se faziam aquelas espadas e adagas maravilhosas que hoje estão guardadas cuidadosamente nos melhores museus do mundo.
Só em 1973, um norte-americano chamado William “Bill” Moran, após décadas de tentativa e erro, conseguiu redescobrir a técnica de confecção do aço damasco, chocando o mundo da cutelaria.
Tal aço é assim chamado, pois ainda que tenham sido os indianos que desenvolveram a técnica, as peças eram comercializadas na cidade de Damasco, na Síria, o maior centro comercial da época.
Conhecedores do que é o aço damasco, podemos passar agora para a explicação de como este é feito.
Como é feito o aço damasco?
1. Seleção dos aços: geralmente os aços damascos modernos são confeccionados a partir de dois tipos de aços. Normalmente escolhe-se um aço de alto teor de carbono e outro aço de alto teor de níquel. Priorizamos aqueles que apresentam características mecânicas ideais para a confecção de ferramentas de corte.
À esquerda as barras de aço carbono e à direita o aço níquel.
Selecionados os aços, cortamos barras do mesmo tamanho e as intercalamos soldando as extremidades, formando o que chamamos de barra inicial, que soldamos a uma haste que possibilite a manipulação a quente.
A barra inicial.
Neste caso específico, minha barra inicial consiste de 11 camadas, sendo 6 de “aço carbono” (mais grossas) e 5 de “aço níquel” (mais finas). Para cada padrão de aço damasco, existe uma proporção adequada de cada tipo de aço.
2. Caldeamento: nesta etapa, aquecemos a barra inicial a 1100 graus Celsius e a submetemos à pressão, para que as camadas se fundam em um único bloco de aço. Esta pressão pode ser proporcionada por prensa hidráulica, martelete mecânico ou pneumático, ou por martelo manual.
Aquecendo a barra à 1100º C.
Caldeando no martelete pneumático.
Caldeando na prensa hidráulica.
Caldeando no martelo.
Estando devidamente caldeado, o bloco único é forjado no formato adequado para a próxima etapa, a multiplicação de camadas.
Barra já caldeada.
3. Multiplicação de camadas: nesta etapa, cortamos a barra e posicionamos suas partes para um novo caldeamento, o que fará com que seu número de camadas seja multiplicado. Nas fotos abaixo utilizei-me do ácido percloreto férrico, para que fosse possível visualizar as camadas fundidas num único bloco.
Multiplicando sequencialmente as camadas.
Após a multiplicação atingir o número de camadas objetivado, o bloco único é forjado em medidas específicas para a próxima etapa.
Cada padrão de aço damasco moderno possui um procedimento próprio que faz com que o resultado final seja predeterminado. Ou seja, para cada desenho diferente que se vê em uma lâmina, existe um procedimento determinado que o resulte: número de dobras, sentido das dobras, formas de forjamento, etc.
Para cada padrão também existe uma faixa “ideal” de número de camadas cujo resultado é esteticamente melhor. Isso, é claro, varia conforme a interpretação pessoal de cada cuteleiro.
O número, neste caso, não é relevante, foi apenas citado para que o leitor possa compreender como planejamos a confecção dos mais variados padrões.
Neste caso específico, cujas fotos estão servindo para ilustrar o texto, estou executando o damasco composto Padrão W.
4. Exposição das camadas: para explicar melhor esta etapa, costumo fazer uso de uma metáfora, que facilita a compreensão.
Se olharmos um sanduíche deliciosamente preparado por cima, nada mais podemos ver além de pão.
A parte mais bonita e saborosa, o recheio, só poderá ser vista se cortarmos o sanduíche ao meio e olharmos na face cortada.
Com alguns padrões de damasco a sistemática é a mesma. A foto 8 mostra a barra final já com o número de camadas que eu pretendia: 297. Entretanto, olhada por cima, só podemos ver o “pão”, ou seja, a beleza da fusão das camadas está oculta no interior da barra.
Barra final com o número de camadas já multiplicado.
Para solucionar este problema um cuteleiro genial chamado Steve Filicietti, desenvolveu um método que leva o seu nome: Método Filicietti.
Ele cortou a barra final diversas vezes em ângulo de 45 graus, formando pastilhas, que caldeadas em posição diferente deixariam o desenho das camadas (“recheio do sanduíche”) totalmente à mostra.
Cortando a barra em pastilhas de 45º.
O aspecto interno das pastilhas, expondo as camadas de aço damasco.
Reorganizando as pastilhas com as camadas viradas para cima.
As pastilhas soldadas expondo suas camadas, prontas para mais um caldeamento.
Já caldeadas as pastilhas e voltando novamente a formar um bloco único de aço, basta forja-lo no formato desejado da faca, conforme o modelo objetivado. Neste caso específico, trata-se de uma Chef di Coisine - Modelo Francês – Padrão Internacional.
Faca forjada.
Depois de forjada, a faca é usinada (lixada) na lixadeira e manualmente através de limas e lixas, chegando bem próximo do formato final. É importante notar que os caldeamentos bem executados proporcionam a fusão perfeita dos aços, não restando sinais de emendas ou falhas. O aspecto final é o mesmo de uma faca composta de um único aço.
A faca usinada.
5. Revelação do Aço Damasco: é hora de exibirmos a beleza e a mística desta técnica milenar. Submetemos a lâmina ao ataque do ácido percloreto férrico. Este ácido ataca proporcionalmente muito mais as camadas de “aço carbono”, mantendo quase que totalmente preservadas as camadas de “aço níquel”. Assim, com tempo e supervisão adequados, as camadas de “aço carbono” ficarão em baixo relevo, distinguindo definitivamente o desenho formado pelas camadas misturadas.
6. Fosfatação: a última e fundamental etapa da confecção do aço damasco é a fosfatação, ou seja, a lâmina é submetida a um banho de fosfato de manganês (um material protetor do aço) sob temperatura e tempo controlados, depositando-se principalmente sobre as camadas de “aço carbono”. Acontece que o fosfato de manganês é negro e removendo-o com uma lixa fina das camadas de “aço níquel”, forma-se o contraste maravilhoso das camadas negras e prateadas. A otimização é conseguida com polimento criterioso em máquinas ou manualmente com lixas finíssimas grão 2500.
O aspecto final da faca.
É importante ressaltar que nesta descritiva não abordamos aspectos como geometria, ergonomia, proporção, fluidez estética, distribuição de peso, combinação de materiais, tratamento térmico, acabamento e diversos outros quesitos absolutamente inerentes a confecção de uma boa faca.
Abaixo seguem algumas fotos de vários padrões de damascos diferentes, os quais logicamente diferem também em seus protocolos de produção.
Padrão Torcido.
Padrão Dog Star.
Padrão Aleatório.
Padrão W - Método Acordeon.
Padrão Turco.
Padrão Ladder.
Padrão Mosaico.
Padrão W Breeze.
Padrão Arkansas Breeze.
fonte: http://berardofacascustom.blogspot.com. ... masco.html
Provavelmente a pergunta mais freqüente que ouvi durante minha carreira como cuteleiro profissional é: “Como é feito o aço damasco?”
Entretanto, antes de iniciarmos é premente definirmos o que é chamado aço damasco.
O que é o aço damasco?
O aço damasco ou aço de damasco era feito com freqüência antes do período industrial, pois como não existia aço virgem para a venda à disposição dos ferreiros, estes utilizavam-se de todo aquele que pudessem reciclar (ferraduras, pregos, dobradiças, tramelas, etc) e também o extraído da fonte original do aço, o minério de ferro.
Assim, os ferreiros os fundiam num único bloco de aço, num processo tecnicamente chamado de caldeamento, que é a micro fusão de superfície, onde as camadas se fundem em uma só, submetidas a uma pressão adequada, à temperatura de 1100 graus Celsius.
Desta forma, os ferreiros conseguiam “juntar” o aço escasso que conseguissem, num bloco único, manufaturando-o posteriormente desde a forma de pequenas facas, até mesmo a de imensos canos de canhões.
A técnica da confecção do aço damasco ficou perdida por aproximadamente três séculos, pois com o início do período industrial, não mais era necessário juntar as "migalhas de aço" para fazer uma única peça.
Havia então aço em abundância. Desta forma, todos os ferreiros que conheciam a técnica ancestral foram morrendo, até que não restasse ninguém que soubesse como é que se faziam aquelas espadas e adagas maravilhosas que hoje estão guardadas cuidadosamente nos melhores museus do mundo.
Só em 1973, um norte-americano chamado William “Bill” Moran, após décadas de tentativa e erro, conseguiu redescobrir a técnica de confecção do aço damasco, chocando o mundo da cutelaria.
Tal aço é assim chamado, pois ainda que tenham sido os indianos que desenvolveram a técnica, as peças eram comercializadas na cidade de Damasco, na Síria, o maior centro comercial da época.
Conhecedores do que é o aço damasco, podemos passar agora para a explicação de como este é feito.
Como é feito o aço damasco?
1. Seleção dos aços: geralmente os aços damascos modernos são confeccionados a partir de dois tipos de aços. Normalmente escolhe-se um aço de alto teor de carbono e outro aço de alto teor de níquel. Priorizamos aqueles que apresentam características mecânicas ideais para a confecção de ferramentas de corte.
À esquerda as barras de aço carbono e à direita o aço níquel.
Selecionados os aços, cortamos barras do mesmo tamanho e as intercalamos soldando as extremidades, formando o que chamamos de barra inicial, que soldamos a uma haste que possibilite a manipulação a quente.
A barra inicial.
Neste caso específico, minha barra inicial consiste de 11 camadas, sendo 6 de “aço carbono” (mais grossas) e 5 de “aço níquel” (mais finas). Para cada padrão de aço damasco, existe uma proporção adequada de cada tipo de aço.
2. Caldeamento: nesta etapa, aquecemos a barra inicial a 1100 graus Celsius e a submetemos à pressão, para que as camadas se fundam em um único bloco de aço. Esta pressão pode ser proporcionada por prensa hidráulica, martelete mecânico ou pneumático, ou por martelo manual.
Aquecendo a barra à 1100º C.
Caldeando no martelete pneumático.
Caldeando na prensa hidráulica.
Caldeando no martelo.
Estando devidamente caldeado, o bloco único é forjado no formato adequado para a próxima etapa, a multiplicação de camadas.
Barra já caldeada.
3. Multiplicação de camadas: nesta etapa, cortamos a barra e posicionamos suas partes para um novo caldeamento, o que fará com que seu número de camadas seja multiplicado. Nas fotos abaixo utilizei-me do ácido percloreto férrico, para que fosse possível visualizar as camadas fundidas num único bloco.
Multiplicando sequencialmente as camadas.
Após a multiplicação atingir o número de camadas objetivado, o bloco único é forjado em medidas específicas para a próxima etapa.
Cada padrão de aço damasco moderno possui um procedimento próprio que faz com que o resultado final seja predeterminado. Ou seja, para cada desenho diferente que se vê em uma lâmina, existe um procedimento determinado que o resulte: número de dobras, sentido das dobras, formas de forjamento, etc.
Para cada padrão também existe uma faixa “ideal” de número de camadas cujo resultado é esteticamente melhor. Isso, é claro, varia conforme a interpretação pessoal de cada cuteleiro.
O número, neste caso, não é relevante, foi apenas citado para que o leitor possa compreender como planejamos a confecção dos mais variados padrões.
Neste caso específico, cujas fotos estão servindo para ilustrar o texto, estou executando o damasco composto Padrão W.
4. Exposição das camadas: para explicar melhor esta etapa, costumo fazer uso de uma metáfora, que facilita a compreensão.
Se olharmos um sanduíche deliciosamente preparado por cima, nada mais podemos ver além de pão.
A parte mais bonita e saborosa, o recheio, só poderá ser vista se cortarmos o sanduíche ao meio e olharmos na face cortada.
Com alguns padrões de damasco a sistemática é a mesma. A foto 8 mostra a barra final já com o número de camadas que eu pretendia: 297. Entretanto, olhada por cima, só podemos ver o “pão”, ou seja, a beleza da fusão das camadas está oculta no interior da barra.
Barra final com o número de camadas já multiplicado.
Para solucionar este problema um cuteleiro genial chamado Steve Filicietti, desenvolveu um método que leva o seu nome: Método Filicietti.
Ele cortou a barra final diversas vezes em ângulo de 45 graus, formando pastilhas, que caldeadas em posição diferente deixariam o desenho das camadas (“recheio do sanduíche”) totalmente à mostra.
Cortando a barra em pastilhas de 45º.
O aspecto interno das pastilhas, expondo as camadas de aço damasco.
Reorganizando as pastilhas com as camadas viradas para cima.
As pastilhas soldadas expondo suas camadas, prontas para mais um caldeamento.
Já caldeadas as pastilhas e voltando novamente a formar um bloco único de aço, basta forja-lo no formato desejado da faca, conforme o modelo objetivado. Neste caso específico, trata-se de uma Chef di Coisine - Modelo Francês – Padrão Internacional.
Faca forjada.
Depois de forjada, a faca é usinada (lixada) na lixadeira e manualmente através de limas e lixas, chegando bem próximo do formato final. É importante notar que os caldeamentos bem executados proporcionam a fusão perfeita dos aços, não restando sinais de emendas ou falhas. O aspecto final é o mesmo de uma faca composta de um único aço.
A faca usinada.
5. Revelação do Aço Damasco: é hora de exibirmos a beleza e a mística desta técnica milenar. Submetemos a lâmina ao ataque do ácido percloreto férrico. Este ácido ataca proporcionalmente muito mais as camadas de “aço carbono”, mantendo quase que totalmente preservadas as camadas de “aço níquel”. Assim, com tempo e supervisão adequados, as camadas de “aço carbono” ficarão em baixo relevo, distinguindo definitivamente o desenho formado pelas camadas misturadas.
6. Fosfatação: a última e fundamental etapa da confecção do aço damasco é a fosfatação, ou seja, a lâmina é submetida a um banho de fosfato de manganês (um material protetor do aço) sob temperatura e tempo controlados, depositando-se principalmente sobre as camadas de “aço carbono”. Acontece que o fosfato de manganês é negro e removendo-o com uma lixa fina das camadas de “aço níquel”, forma-se o contraste maravilhoso das camadas negras e prateadas. A otimização é conseguida com polimento criterioso em máquinas ou manualmente com lixas finíssimas grão 2500.
O aspecto final da faca.
É importante ressaltar que nesta descritiva não abordamos aspectos como geometria, ergonomia, proporção, fluidez estética, distribuição de peso, combinação de materiais, tratamento térmico, acabamento e diversos outros quesitos absolutamente inerentes a confecção de uma boa faca.
Abaixo seguem algumas fotos de vários padrões de damascos diferentes, os quais logicamente diferem também em seus protocolos de produção.
Padrão Torcido.
Padrão Dog Star.
Padrão Aleatório.
Padrão W - Método Acordeon.
Padrão Turco.
Padrão Ladder.
Padrão Mosaico.
Padrão W Breeze.
Padrão Arkansas Breeze.
fonte: http://berardofacascustom.blogspot.com. ... masco.html
Re: Cutelaria
Hall escreveu:pqp malaca!! top!
posta as suas facas aí brother!!
eu tô tentando fazer uma, mas vai demorar! é o tipo de hobbie dificil pra quem mora em apertamento (se eu ligar um esmerilhadeira num domingo nego vai querer me capar ). e quando to na casa dos véios no interior eu prefiro dar atenção a eles!
isso aê que eu tô fazendo tá muito longe de ser considerada uma faca ainda... conselho pra quem quer começar é: se onde você mora não tiver ninguém por perto que esteja disposto a lhe ensinar, se cadastra em forum especifico que essa galera se ajuda muito! e o ambiente é bem bacana!
Editado pela última vez por malaca em 02 Out 2014 00:01, em um total de 1 vez.
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Re: Cutelaria
Alguem sabe sobre legislação de facas?!
Eu posso portar faca de caça com menos de 15 cm!? isso procede?!
Eu posso portar faca de caça com menos de 15 cm!? isso procede?!
OSS!!!
Só o Jiu-Jitsu salva!
_____________________________________
"What comes around, goes around..."
Pain and Hate
Re: Cutelaria
Não é bem faca, mas gosto mto de multitools e tenho um leatherman wave, acho mto maneiro, uso pra trabalhar e sempre quando vou fazer trilha etc, quase um ano e continua amolado pra caramba.
Re: Cutelaria
bacana cara! posta fotos pra nóis!Ballackk escreveu:Não é bem faca, mas gosto mto de multitools e tenho um leatherman wave, acho mto maneiro, uso pra trabalhar e sempre quando vou fazer trilha etc, quase um ano e continua amolado pra caramba.
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Re: Cutelaria
Sensacional esse tópico!
Sempre fui apaixonado por facas, desde moleque, qdo vi aquele filme "A grande arte". Eu comprava essas facas de pesca tramontina e minha mãe ficava puta e confiscava minhas facas. Falava que eu tinha "mania de Jason", kkkk.
Hj tenho uma tramontina de pesca, simplona. Sempre que vou fazer alguma viagem de moto, eu levo a faca. Sempre quebra algum galho!
Hall, sensacional essas facas com aço damasco, heim?! O visual delas fica lindo demais! Parece viagem de ácido, kkkk!
Uma dúvida: combate com faca, existe alguma arte marcial séria que ensine isso? Sei do pencak, mas não sei quão funcional é. Ou seria apenas artes relacionadas à espada, como esgrima, por exemplo?
E aquele fabricante Zakharov: são sérios? Fazem boas facas?! Eu já vi algumas em stands em postos na estrada. Algumas delas são lindas, mas não manjo porra nenhuma disso.
Abs!
Sempre fui apaixonado por facas, desde moleque, qdo vi aquele filme "A grande arte". Eu comprava essas facas de pesca tramontina e minha mãe ficava puta e confiscava minhas facas. Falava que eu tinha "mania de Jason", kkkk.
Hj tenho uma tramontina de pesca, simplona. Sempre que vou fazer alguma viagem de moto, eu levo a faca. Sempre quebra algum galho!
Hall, sensacional essas facas com aço damasco, heim?! O visual delas fica lindo demais! Parece viagem de ácido, kkkk!
Uma dúvida: combate com faca, existe alguma arte marcial séria que ensine isso? Sei do pencak, mas não sei quão funcional é. Ou seria apenas artes relacionadas à espada, como esgrima, por exemplo?
E aquele fabricante Zakharov: são sérios? Fazem boas facas?! Eu já vi algumas em stands em postos na estrada. Algumas delas são lindas, mas não manjo porra nenhuma disso.
Abs!
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