Memórias de Nick Nutter!
Enviado: 07 Fev 2019 07:12
Achei um texto que achei muito legal, de Nick Nutter, membro da lendária HAMMERHOUSE, e que protagonizou poucas, mas memoráveis, lutas, principalmente suas duas lutas com Igor Vovchanchyn (uma delas aqui no Brasil). Um casca grossa das antigas, o texto dele se divide em várias partes, traduzi-as e aqui estão.
Parte 1 - No que eu fui me meter?
Era 8 de junho de 1997, meu aniversário, e minha esposa (namorada na época) e eu estávamos aproveitando um incrível ‘jantar romântico’ no Buffalo Wild Wings em medina, Ohio. Naquele ponto da minha vida, eu era um All-American Wrestler na universidade de Ohio e era, também, o terceiro homem nas eliminatórias das olimpíadas (outra história, para “talvez” ser compartilhada depois. É que eu dominei em uma luta, o representante principal um mês antes, no Campeonato nacional... muito bem!). Eu estava muito autoconfiante, e estava falando como meu colega de quarto, e um dos meus melhores amigos, Mark Coleman, estava indo no UFC.
Minha namorada (na época, e atual esposa) Amy, recebeu seu lanche, e eu estava tentando "derrubar" meio quilo de frango grelhado e 300 gramas de brócolis cru. Eu espero que você, leitor, saiba que eu estava brincando aqui, por que na verdade estava com 4 litros de cerveja, e tentando colocar meu nome na parede do restaurante, participando do desafio de comer 70 asas em 30 minutos (com o queijo azul extra).
Durante nossa conversa, eu mencionei a Amy que Coleman disse que eu deveria lutar. Naquela época, ele estava invicto e nem mesmo havia suado no octogono. Ele disse que treinar comigo era mais difícil que qualquer luta que ele havia tido até então.
Agora, eu nunca estive em uma briga, e era o rei do baile no colégio. Eu não gostava (e continuo não gostando) de violência, preferia ser o cara engraçado que sempre garantisse que todos estavam se divertindo, sem drama.
Quando eu mencionei a Amy que eu deveria lutar… ela riu e disse “Oh meu deus, vão chutar sua bunda”. Você deve ter imaginado que isso foi meu combustível.
Como um homem, você sabe que você quer que sua cara metade pense que você é o Super homem e ela estar duvidando de mim, realmente me deixava nervoso.
A minha insegurança, o fato de minha garota pensar que eu sou um frouxo, e 4 litros de cerveja, me forçaram a ligar para Mark “The Hammer” Coleman.
Esse Telefonema me levou para o mundo do Vale Tudo, agora chamado MMA.
Puxei meu Motorola, comecei discando 614… para todos vocês que não são do gueto, esse código de área é para Columbus. Eu liguei para The Hammer e infelizmente, ele atendeu. Eu queria apenas calar minha “Grande mama” (minha atual esposa, e namorada naquela época... não se preocupe, ela é pequena e bela) por não pensar que eu era o Super Homem. Me identifiquei para Coleman, e enquanto falava com ele, meus olhos estavam encarando Amy e dizendo “cuidado com o que você deseja, mulher!” disse:
-Ei se lembra quando você disse que eu deveria lutar?
Coleman: Sim!!
Eu: Me agende uma luta
Coleman: Você tem certeza?!
Eu: SIM!
Na verdade, eu não queria isso, e rezei para que ele não achasse uma luta. Desliguei o celular e olhei para Amy, basicamente dizendo com minha linguagem corporal que estava feito.
Na manhã seguinte, eu recebi uma ligação, e era Coleman.
Ele me disse para ir para um site. 10 minutos depois que eu me conectei via internet discada, estava lá confirmado. AFC3 (Russian Absolute Fighting Champioship) Nick Nutter EUA (Wrestling) em Tel Aviv, Israel, setembro de 1997. Opa…
Era hora de ir trabalhar e Coleman era, e é, o melhor técnico que existia. Seu estilo, combinado com a sabedoria de Russ Hellickson, me levaram aonde eu estava.
O plano era o seguinte: Estar em forma, estar muito forte, e GROUND AND POUND. Nós fizemos um mês de treino em Columbus, e decidimos ir para Phoenix, treinar com o membro da Hammer House, Mark Kerr.. (me lembre de escrever um capítulo sobre esta viagem para Phoenix, é uma história completa por si só).
Eu sempre pensei que eu treinei forte, wrestling, na escola. Na faculdade era um pouco diferente, tinhamos que balancear entre sair a noite para curtir, e nossa agenda de treinos... Treinei wrestling pois meu técnico mandou… No vale tudo, honestamente, eu temi pela minha vida. Nos anos 90 era muito diferente do que é hoje, que, honestamente, favorece o wrestler.
Nós tínhamos
1.Sem atacar os olhos
2. Sem morder
3. Sem fazer “fish hooking”
Fish Hooking
Eu testemunhei algumas coisas loucas no ringue, e me lembro de uma luta no Brasil aonde um lutador colocou as mãos dentro do calção de outro cara, e basicamente tentou fazer uma submissão via arrancar o pau dele fora. Acho que tempos difíceis requerem medidas drásticas!
Posso dizer honestamente que eu treinei como nunca havia treinava, eu não bebia e fiz dieta. Eu não tinha que perder peso, mas na maior parte do tempo eu fui regrado com a dieta. Coleman (naquela época), sempre pensou que quanto maior, melhor. Voltamos para Columbus, para a ultima semana antes de ir para Israel. Um dia antes da luta, Coleman me ligou e basicamente disse que a luta já era. Disse que o governo de Israel não iria permitir este tipo de luta no país. Ironicamente, veio de um governo de um país que, assim que voce sai do avião, ve crianças de 15 anos com metralhadoras... Para ser totalmente honesto...Eu fiquei realmente puto! não havia ganhado dinheiro nos últimos 2-3 meses, e eu realmente treinei duro, pela primeira vez na minha vida!
Se a luta já era, eu só tinha uma coisa a fazer… Lamentar e beber, chamei um amigo meu de Columbus chamado Jack Cahill, e ele concordou que deveríamos sair e curtir a noite. Eu fiz, naquela noite, a bebedeira que não fiz em 2-3 meses. Eu acabei, sabe-se lá como, na minha cama e, sabe-se lá como, não vomitando. Acordei na manhã seguinte com ressaca e com uma ligação de Mark Coleman. Tentei da melhor forma possível, usar minha voz de “eu não estava bebendo noite passada”, a mesma que eu usava com minha mãe todo sábado e domingo de manhã nos últimos 5 anos. Pensava que isso dava certo, mas ela sempre percebia e me deixava saber que ela não havia sido enganada. Coleman me perguntou se eu ainda estava afim de lutar. Presumi que ele havia algum outro evento, e disse “mas é claro!”. Então ele disse a pior coisa possível. Ele disse “Então te pegarei em 15 minutos” Eu estava como “mas que porra?!?”, Pulei da cama e aí percebi que eu tinha tido a mãe de todas as baladas, tive que fechar um olho para não vomitar enquanto eu pegava minhas malas e jogar um punhado de roupas dentro. Eu só havia saído do país uma vez, quando fui ao Canadá com Amy, minha mãe e minha avó, para apostar. Olhando novamente essa situação, eu estava surpreso que eu havia colocado tudo o que eu precisava nas minhas malas. Tentei beber um pouco de água para me animar um pouco, mas percebi que não ia ser um vôo divertido.
Minutos depois eu ouvi o carro buzinando, enttão estava indo para Israel com o cara mais durão do planeta, Ele abriu o porta malas, quando eu percebi que algo não estava certo… As bagagens de Mark Coleman não estavam lá. Pensei comigo mesmo “devem estar no banco do passageiro… está tudo bem..não se preocupe”. Perguntei para Coleman “ei, onde está suas malas?”.
Então ele me avisou que descobriu no ultimo minuto que, o vôo para Israel era muito caro, e ele não iria comigo.
Você está brincando comugo né? Primeiro de tudo, eu nunca quis lutar (gostava de ser o rei do baile), e a única razão de eu ter feito isso é por conta de que minha atual esposa, Amy, me achava um frouxo quando disse que iriam “chutar minha bunda”.
Mas eu sou um homem de palavra, e qual a pior coisa que poderia acontecer? Eu podia morrer…. Foi então que eu percebi que sim, eu podia morrer…
Continua – próximo capitulo - A viagem e o torneio.
Parte 1 - No que eu fui me meter?
Era 8 de junho de 1997, meu aniversário, e minha esposa (namorada na época) e eu estávamos aproveitando um incrível ‘jantar romântico’ no Buffalo Wild Wings em medina, Ohio. Naquele ponto da minha vida, eu era um All-American Wrestler na universidade de Ohio e era, também, o terceiro homem nas eliminatórias das olimpíadas (outra história, para “talvez” ser compartilhada depois. É que eu dominei em uma luta, o representante principal um mês antes, no Campeonato nacional... muito bem!). Eu estava muito autoconfiante, e estava falando como meu colega de quarto, e um dos meus melhores amigos, Mark Coleman, estava indo no UFC.
Minha namorada (na época, e atual esposa) Amy, recebeu seu lanche, e eu estava tentando "derrubar" meio quilo de frango grelhado e 300 gramas de brócolis cru. Eu espero que você, leitor, saiba que eu estava brincando aqui, por que na verdade estava com 4 litros de cerveja, e tentando colocar meu nome na parede do restaurante, participando do desafio de comer 70 asas em 30 minutos (com o queijo azul extra).
Durante nossa conversa, eu mencionei a Amy que Coleman disse que eu deveria lutar. Naquela época, ele estava invicto e nem mesmo havia suado no octogono. Ele disse que treinar comigo era mais difícil que qualquer luta que ele havia tido até então.
Agora, eu nunca estive em uma briga, e era o rei do baile no colégio. Eu não gostava (e continuo não gostando) de violência, preferia ser o cara engraçado que sempre garantisse que todos estavam se divertindo, sem drama.
Quando eu mencionei a Amy que eu deveria lutar… ela riu e disse “Oh meu deus, vão chutar sua bunda”. Você deve ter imaginado que isso foi meu combustível.
Como um homem, você sabe que você quer que sua cara metade pense que você é o Super homem e ela estar duvidando de mim, realmente me deixava nervoso.
A minha insegurança, o fato de minha garota pensar que eu sou um frouxo, e 4 litros de cerveja, me forçaram a ligar para Mark “The Hammer” Coleman.
Esse Telefonema me levou para o mundo do Vale Tudo, agora chamado MMA.
Puxei meu Motorola, comecei discando 614… para todos vocês que não são do gueto, esse código de área é para Columbus. Eu liguei para The Hammer e infelizmente, ele atendeu. Eu queria apenas calar minha “Grande mama” (minha atual esposa, e namorada naquela época... não se preocupe, ela é pequena e bela) por não pensar que eu era o Super Homem. Me identifiquei para Coleman, e enquanto falava com ele, meus olhos estavam encarando Amy e dizendo “cuidado com o que você deseja, mulher!” disse:
-Ei se lembra quando você disse que eu deveria lutar?
Coleman: Sim!!
Eu: Me agende uma luta
Coleman: Você tem certeza?!
Eu: SIM!
Na verdade, eu não queria isso, e rezei para que ele não achasse uma luta. Desliguei o celular e olhei para Amy, basicamente dizendo com minha linguagem corporal que estava feito.
Na manhã seguinte, eu recebi uma ligação, e era Coleman.
Ele me disse para ir para um site. 10 minutos depois que eu me conectei via internet discada, estava lá confirmado. AFC3 (Russian Absolute Fighting Champioship) Nick Nutter EUA (Wrestling) em Tel Aviv, Israel, setembro de 1997. Opa…
Era hora de ir trabalhar e Coleman era, e é, o melhor técnico que existia. Seu estilo, combinado com a sabedoria de Russ Hellickson, me levaram aonde eu estava.
O plano era o seguinte: Estar em forma, estar muito forte, e GROUND AND POUND. Nós fizemos um mês de treino em Columbus, e decidimos ir para Phoenix, treinar com o membro da Hammer House, Mark Kerr.. (me lembre de escrever um capítulo sobre esta viagem para Phoenix, é uma história completa por si só).
Eu sempre pensei que eu treinei forte, wrestling, na escola. Na faculdade era um pouco diferente, tinhamos que balancear entre sair a noite para curtir, e nossa agenda de treinos... Treinei wrestling pois meu técnico mandou… No vale tudo, honestamente, eu temi pela minha vida. Nos anos 90 era muito diferente do que é hoje, que, honestamente, favorece o wrestler.
Nós tínhamos
1.Sem atacar os olhos
2. Sem morder
3. Sem fazer “fish hooking”
Fish Hooking
Eu testemunhei algumas coisas loucas no ringue, e me lembro de uma luta no Brasil aonde um lutador colocou as mãos dentro do calção de outro cara, e basicamente tentou fazer uma submissão via arrancar o pau dele fora. Acho que tempos difíceis requerem medidas drásticas!
Posso dizer honestamente que eu treinei como nunca havia treinava, eu não bebia e fiz dieta. Eu não tinha que perder peso, mas na maior parte do tempo eu fui regrado com a dieta. Coleman (naquela época), sempre pensou que quanto maior, melhor. Voltamos para Columbus, para a ultima semana antes de ir para Israel. Um dia antes da luta, Coleman me ligou e basicamente disse que a luta já era. Disse que o governo de Israel não iria permitir este tipo de luta no país. Ironicamente, veio de um governo de um país que, assim que voce sai do avião, ve crianças de 15 anos com metralhadoras... Para ser totalmente honesto...Eu fiquei realmente puto! não havia ganhado dinheiro nos últimos 2-3 meses, e eu realmente treinei duro, pela primeira vez na minha vida!
Se a luta já era, eu só tinha uma coisa a fazer… Lamentar e beber, chamei um amigo meu de Columbus chamado Jack Cahill, e ele concordou que deveríamos sair e curtir a noite. Eu fiz, naquela noite, a bebedeira que não fiz em 2-3 meses. Eu acabei, sabe-se lá como, na minha cama e, sabe-se lá como, não vomitando. Acordei na manhã seguinte com ressaca e com uma ligação de Mark Coleman. Tentei da melhor forma possível, usar minha voz de “eu não estava bebendo noite passada”, a mesma que eu usava com minha mãe todo sábado e domingo de manhã nos últimos 5 anos. Pensava que isso dava certo, mas ela sempre percebia e me deixava saber que ela não havia sido enganada. Coleman me perguntou se eu ainda estava afim de lutar. Presumi que ele havia algum outro evento, e disse “mas é claro!”. Então ele disse a pior coisa possível. Ele disse “Então te pegarei em 15 minutos” Eu estava como “mas que porra?!?”, Pulei da cama e aí percebi que eu tinha tido a mãe de todas as baladas, tive que fechar um olho para não vomitar enquanto eu pegava minhas malas e jogar um punhado de roupas dentro. Eu só havia saído do país uma vez, quando fui ao Canadá com Amy, minha mãe e minha avó, para apostar. Olhando novamente essa situação, eu estava surpreso que eu havia colocado tudo o que eu precisava nas minhas malas. Tentei beber um pouco de água para me animar um pouco, mas percebi que não ia ser um vôo divertido.
Minutos depois eu ouvi o carro buzinando, enttão estava indo para Israel com o cara mais durão do planeta, Ele abriu o porta malas, quando eu percebi que algo não estava certo… As bagagens de Mark Coleman não estavam lá. Pensei comigo mesmo “devem estar no banco do passageiro… está tudo bem..não se preocupe”. Perguntei para Coleman “ei, onde está suas malas?”.
Então ele me avisou que descobriu no ultimo minuto que, o vôo para Israel era muito caro, e ele não iria comigo.
Você está brincando comugo né? Primeiro de tudo, eu nunca quis lutar (gostava de ser o rei do baile), e a única razão de eu ter feito isso é por conta de que minha atual esposa, Amy, me achava um frouxo quando disse que iriam “chutar minha bunda”.
Mas eu sou um homem de palavra, e qual a pior coisa que poderia acontecer? Eu podia morrer…. Foi então que eu percebi que sim, eu podia morrer…
Continua – próximo capitulo - A viagem e o torneio.